Ipatinga/MG - O benzeno não tem cheiro, não tem cor, mas pode
causar câncer. Essa é uma preocupação de funcionários da Usiminas, em Ipatinga,
no Vale do Aço, onde um vazamento em duas coquerias (equipamento onde o carvão
é transformado em coque para abastecer os alto-fornos que fazem ferro-gusa) fez
com que a emissão dessa substância tóxica atingisse níveis 40 vezes superiores
ao permitido. A irregularidade foi confirmada em uma fiscalização do Ministério
do Trabalho e Emprego - MTE, realizada de julho a setembro deste ano.
Segundo relatos de funcionários, as planilhas de controle da emissão do benzeno mostraram que a liberação ultrapassou 100 partes por milhão (ppm). Para siderúrgicas, o nível permitido é de 2,5 ppm, segundo o Valor de Referência Tecnológica (VRT) definido no Acordo Nacional do Benzeno, de 1995.
"Ficamos sabendo que o índice de benzeno estava em 100 ppm e ficamos muito assustados, pois sabemos do risco que a substância oferece à saúde. Logo que a informação vazou, aumentaram a segurança e reforçaram os equipamentos. Muitos funcionários, inclusive que já tiveram casos de câncer na família, ficaram com medo. Por mais que a empresa faça modificações, não sabemos durante quanto tempo ficamos expostos e os riscos que corremos", conta um funcionário, que pediu para não ser identificado.
O MTE não revelou o valor exato emitido, mas confirmou que excedeu o limite permitido. "Durante ação fiscal, foram interditados alguns setores das coquerias 2 e 3, além de outros setores, devido à concentração de benzeno acima do VRT", afirma o chefe da Seção de Saúde e Segurança do Trabalhador do MTE, Francisco Alves dos Reis Junior.
Segundo relatos de funcionários, as planilhas de controle da emissão do benzeno mostraram que a liberação ultrapassou 100 partes por milhão (ppm). Para siderúrgicas, o nível permitido é de 2,5 ppm, segundo o Valor de Referência Tecnológica (VRT) definido no Acordo Nacional do Benzeno, de 1995.
"Ficamos sabendo que o índice de benzeno estava em 100 ppm e ficamos muito assustados, pois sabemos do risco que a substância oferece à saúde. Logo que a informação vazou, aumentaram a segurança e reforçaram os equipamentos. Muitos funcionários, inclusive que já tiveram casos de câncer na família, ficaram com medo. Por mais que a empresa faça modificações, não sabemos durante quanto tempo ficamos expostos e os riscos que corremos", conta um funcionário, que pediu para não ser identificado.
O MTE não revelou o valor exato emitido, mas confirmou que excedeu o limite permitido. "Durante ação fiscal, foram interditados alguns setores das coquerias 2 e 3, além de outros setores, devido à concentração de benzeno acima do VRT", afirma o chefe da Seção de Saúde e Segurança do Trabalhador do MTE, Francisco Alves dos Reis Junior.
Na verdade, as coquerias nem chegaram a ser
interditadas porque a empresa acatou as orientações do MTE, que suspendeu o
pedido de interdição no dia 29 de setembro. A empresa afirma que o vazamento
foi pontual e informa que já zerou as emissões de benzeno. Mesmo assim, como o
câncer pode demorar até 20 anos para se manifestar - segundo o oncologista
Leandro Ramos, da Oncomed -, a dúvida que fica é se os funcionários serão
amparados, caso comprovem a manifestação da doença relacionada à exposição ao
benzeno.
O gerente geral de segurança do Trabalho da Usiminas, Eduardo Barbosa de Almeida, garante que nenhum funcionário foi exposto à substância. "Temos um sistema robusto de monitoramento do ambiente de trabalho, que é um dos mais modernos da América Latina. Assim que o vazamento pontual foi identificado, atuamos para corrigir. Também fazemos acompanhamento médico regularmente", diz.
Almeida afirma ainda que a Usiminas investe constantemente nas melhorias dos processos industriais. "Estamos concluindo em outubro um vultoso investimento de R$ 100 milhões em programas de proteção coletiva, como a implementação de sistema de captação de vapores e alarmes que disparam quando a emissão do benzeno ultrapassa o nível permitido".
Junior, do MTE, afirma que, após a fiscalização, a Usiminas implementou melhorias. Por meio de nota, a empresa esclarece que sempre realizou exames de rotina no programa de prevenção e, na série histórica, todos estão dentro do padrão de normalidade.
Sindicato só soube após comunicado da reportagem
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ipatinga - Sindipa, Gláucio Ervilha, ficou sabendo do vazamento de benzeno na Usiminas somente após contato da reportagem.
"Quando recebi seu e-mail, eu liguei imediatamente e o departamento de relações trabalhistas me garantiu que o vazamento já havia sido consertado", afirmou o sindicalista.
"Não cabe ao sindicato fazer interdição, mas vamos fiscalizar para garantir a saúde dos trabalhadores", afirma.
O professor de engenharia ambiental da Universidade Fumec, José Cláudio Junqueira Ribeiro, explica que, se uma empresa emite o benzeno em área externa, não somente os trabalhadores, mas toda a população do entorno da indústria corre risco de contaminação. "A Organização Internacional do Trabalho - OIT diz que o máximo permitido é 1 ppm, mas recomenda que a emissão não passe de 0,5 ppm", explica Ribeiro.
O que diz a lei
O Acordo Nacional do Benzeno, de 1995, é assinado pelos ministérios do Trabalho, da Saúde, da Previdência e por representares das empresas e dos trabalhadores. Estabelece os valores de referência (VRT):
- 2,5 ppm (parte por milhão) para indústrias siderúrgicas.
- 1,0 ppm para as demais indústrias atingidas pelo acordo.
O que diz o MTE
Sobre a fiscalização: foi feita de julho a setembro deste ano.
Sobre as melhorias após a ação: instalação de sistemas de coleta de vapores; vedação de pontos de vazamento; exames médicos mais específicos nos trabalhadores; instalação de detectores de benzeno com alarmes sonoros e visuais; sistema de máscara de ar mandado; entre outras.
O gerente geral de segurança do Trabalho da Usiminas, Eduardo Barbosa de Almeida, garante que nenhum funcionário foi exposto à substância. "Temos um sistema robusto de monitoramento do ambiente de trabalho, que é um dos mais modernos da América Latina. Assim que o vazamento pontual foi identificado, atuamos para corrigir. Também fazemos acompanhamento médico regularmente", diz.
Almeida afirma ainda que a Usiminas investe constantemente nas melhorias dos processos industriais. "Estamos concluindo em outubro um vultoso investimento de R$ 100 milhões em programas de proteção coletiva, como a implementação de sistema de captação de vapores e alarmes que disparam quando a emissão do benzeno ultrapassa o nível permitido".
Junior, do MTE, afirma que, após a fiscalização, a Usiminas implementou melhorias. Por meio de nota, a empresa esclarece que sempre realizou exames de rotina no programa de prevenção e, na série histórica, todos estão dentro do padrão de normalidade.
Sindicato só soube após comunicado da reportagem
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ipatinga - Sindipa, Gláucio Ervilha, ficou sabendo do vazamento de benzeno na Usiminas somente após contato da reportagem.
"Quando recebi seu e-mail, eu liguei imediatamente e o departamento de relações trabalhistas me garantiu que o vazamento já havia sido consertado", afirmou o sindicalista.
"Não cabe ao sindicato fazer interdição, mas vamos fiscalizar para garantir a saúde dos trabalhadores", afirma.
O professor de engenharia ambiental da Universidade Fumec, José Cláudio Junqueira Ribeiro, explica que, se uma empresa emite o benzeno em área externa, não somente os trabalhadores, mas toda a população do entorno da indústria corre risco de contaminação. "A Organização Internacional do Trabalho - OIT diz que o máximo permitido é 1 ppm, mas recomenda que a emissão não passe de 0,5 ppm", explica Ribeiro.
O que diz a lei
O Acordo Nacional do Benzeno, de 1995, é assinado pelos ministérios do Trabalho, da Saúde, da Previdência e por representares das empresas e dos trabalhadores. Estabelece os valores de referência (VRT):
- 2,5 ppm (parte por milhão) para indústrias siderúrgicas.
- 1,0 ppm para as demais indústrias atingidas pelo acordo.
O que diz o MTE
Sobre a fiscalização: foi feita de julho a setembro deste ano.
Sobre as melhorias após a ação: instalação de sistemas de coleta de vapores; vedação de pontos de vazamento; exames médicos mais específicos nos trabalhadores; instalação de detectores de benzeno com alarmes sonoros e visuais; sistema de máscara de ar mandado; entre outras.
De olho. Foi a própria Usiminas quem solicitou a fiscalização, necessária para alterar a razão social após a entrada dos novos sócios. As irregularidades geraram 115 autos de infração.
Foto: Divulgação
Fonte: O Tempo
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