
Esse supernavio é o primeiro da linha triple-E da
Maersk; este ano, a Maersk receberá segunda unidade e até o fim de 2015, mais
15. Isso, sem dúvida, irá gerar mudanças no comércio mundial, pois apenas um
navio desses pode transportar 111 milhões de pares de sapatos esportivos,
quantidade que daria para suprir, em conjunto, toda a demanda de Holanda,
França, Bélgica, Dinamarca, Noruega e Finlândia por alguns meses. Já imaginaram
que excesso de oferta isso irá gerar em muitos produtos? Uma importação de
massa de tomate, por exemplo, poderá inibir a produção interna de um país por
muitos meses. E mais: em breve, a Maersk passará a segundo plano, pois os
maiores navios de contêineres do mundo serão as unidades da China Shipping
Container Lines (CSCL), com 18.300 TEUs.
Enquanto isso, como está o Brasil? Muito mal. A
nova Lei dos Portos foi imposta por medida provisória, tão ruim que gerou 645
emendas, das quais 150 aceitas pelo relator. O país mal recebe navios com a
metade da capacidade da linha Triple-E da Maersk. A nova lei permite que novos
terminais usem pessoal contratado sem obedecer aos sindicatos, mas, para os
atuais terminais, não só manteve o uso de estiva suprida pelos sindicatos, como
fez com que essa obrigação fosse ampliada para trabalho em terra, a capatazia.
Lá, modernidade e controle remoto e, por aqui, capatazia e estiva vinculada aos
sindicatos.
Os
males dos portos não decorrem do atual governo. Lula ainda teve o mérito de
aprovar o programa de dragagem (I PND), mas o segundo se arrasta sem a mesma
eficiência. Dilma atirou no que viu, mas acertou no que não viu, ao impor, de
forma absolutamente ríspida, uma lei cheia de contradições que, segundo
importantes advogados, fatalmente irá gerar acúmulo nos tribunais. E, ainda por
cima, deixou de lado a voz dos usuários, ao transformar os Conselhos de
Autoridade Portuária (CAPs) de deliberativos em consultivos, ao contrário do
que sugeria um estudo do BNDES sobre a questão. Em resumo, mais uma vez o mundo
se moderniza... e não espera pelo Brasil.
Fonte: Monitor Mercantil / Sérgio Barreto Motta
Nenhum comentário:
Postar um comentário